Pode ser um blog, um site, canais no Youtube, no Facebook, no Instagram ou tudo isso junto. Resolvemos entrevistar um desses nômades para nos presentear com seus conhecimentos e revelar coisas bem legais e nem tão legais desse mundo. Guilherme Tetamanti já vive dessa forma há alguns anos e possui um site chamado Quero Viajar Mais, onde publica tudo sobre os destinos que visita.
Azul Mais:
Como é a vida de um nômade digital?
Guilherme:
É incrível. Principalmente pelo fato de eu poder trabalhar com o que sou apaixonado e escrever sobre isso e criar conteúdo nas redes sociais. É um sonho hoje ter um blog que se tornou uma referência e é muito acessado.
Quando viajo é uma briga para produzir conteúdo, mas como posso ficar mais tempo em cada lugar, eu consigo criar conteúdo e ao mesmo tempo conhecer o destino.
Eu tenho casa fixa no Brasil. Depois de viajar o mundo é bom voltar para o lar e descansar, é onde me sinto bem para produzir e trabalhar. Quando viajo sempre alugo lugares e fico muito na casa de amigos, pois acabei conhecendo-os ao redor do mundo e é sempre mais legal, não só pela economia, mas por conseguir conhecer melhor o destino com indicações.
O benefício é que posso estar onde eu quiser, na hora que quiser. Não tenho chefe, nada me prende. Só depende de eu cumprir meus projetos no tempo certo e viajar.
Um ponto negativo é que fico muito tempo sozinho quando estou trabalhando, acabamos perdendo contato com vários amigos, pois passo muito tempo viajando e quando estou em casa estou trabalhando. Eu adorava isso no trabalho comum, onde eu mantinha vínculo com colegas. Como nômade é mais difícil criar vínculo, pois você esta sempre indo e vindo. Também é difícil criar rotina de acordar cedo, fazer suas coisas, para quem não tem organização e força de vontade é bem complicado.
Azul Mais:
O que você aprendeu com esse modelo de vida?
Guilherme:
Aprendi que rotina é muito importante na vida de qualquer um, quando se fica um tempo sem ter rotina, como é o meu caso que fiz a volta ao mundo.
Tem o lado bom da rotina de exercício, de comer bem, de ver os amigos, enfim das coisas que te fazem bem. Ficar muito tempo sem isso é difícil para o corpo e mente.
Tenho que fazer tudo ou delegar tarefas, tenho que fazer cursos e ter novas aptidões para aplicar no blog e isso é bacana pois aprendo coisas novas e tenho novos horizontes.
Azul Mais:
Qual país você elege como seu preferido e recomenda para os leitores visitarem em 2016?
Guilherme:
Depois de quase 40 países no meu currículo fica difícil escolher o preferido, pois tem várias coisas que prefiro em diferentes países. Mas para escolher um, gosto da Nova Zelândia, pois é um país pequeno e mesmo nessa pequena faixa territorial tem muitas coisas para fazer e muitos cenários diferentes. Um dia você está na praia e 100 quilômetros depois você está em uma geleira, depois em um Cânion e sempre com várias atividades legais para fazer, inclusive muitos esportes radicais. Também gosto de recomendar países mais viáveis para os brasileiros, que não trabalham com dólar ou Euro, como o Chile, em Santiago, que é perto e tem várias vinícolas e o Vale do Nevado. Outra opção é a África do Sul (Joanesburgo e Cidade do Cabo), que é um pouco mais longe, mas que vale a pena, pois é barato e tem vários pontos turísticos, com várias atividades e vários lugares pra saltar de bungee jump.
Azul Mais:
Na nova Zelândia, quais foram suas principais dificuldades? E o que achou de interessante por lá?
Guilherme:
Fiquei um mês na Nova Zelândia, viajando pelas duas principais ilhas. A dificuldade foi o preço, nos passeios e na internet, que até nos hotéis e albergues é inclusa, se paga a parte. Eu acabei contratando um tour de ônibus, que em inglês se chama Hop On Hop Off, que na prática é uma linha de ônibus que passa pelos principais pontos turísticos da cidade e se você gostar pode descer e ficar mais, pegando o ônibus no dia seguinte. Foi difícil querer fazer várias atividades e ter que controlar a grana.
Sobre a cultura, sou apaixonado pelo povo Maori, sou fascinado por essa civilização que vem de antes da colonização britânica. Gosto da tatuagem deles e da filosofia de vida também.
O que achei muito interessante foi que sempre que eu passava na estrada via umas cabaninhas em frente às propriedades. Perguntei a um guia e ele disse que era a casinha onde os produtores de cada propriedade deixavam sua produção, como ovos e alface. A galera da vizinhança pega o que precisa e deixa o dinheiro na caixinha e isso funciona no país inteiro. Essa cultura de confiar nas outras pessoas me chamou muito a atenção e que não faz parte do nosso dia-a-dia e traz uma qualidade de vida muito boa para quem vive lá.